terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Indivíduos digitais, instituições analógicas

Editora Globo
Ilustração Luis Dourado, Nik Neves
Por Dudu França - Revista Galileu - Janeiro 2013 - nº 258


Existe uma falta de sincronia na relação da maioria das instituições com as pessoas. As organizações, principalmente as governamentais, ainda vivem fechadas, na ideia de que quanto menos informação passarem ao cidadão e quanto menor for sua participação, melhor. Porém, o mundo está cada vez mais aberto, colaborativo e não-linear. É o desencontro entre Nativos Digitais e Imigrantes Digitais apresentado por Marc Prensky.

Em um artigo publicado em 2001, o escritor americano especialista em educação afirmou que o problema do declínio da educação nos EUA estava em uma falta de sintonia entre a realidade dos estudantes e dos professores. Os alunos eram Nativos Digitais, ou seja, já haviam nascido imersos na lógica da colaboração, transparência e participação surgida com a internet e os gadgets, enquanto a escola e os professores eram Imigrantes Digitais, por serem de um tempo anterior e ainda estarem se adaptando à nova realidade, o que faria com que a estrutura e formato das aulas não se comunicasse com os estudantes.

Na relação cidadãos-instituições, as pessoas seriam os Nativos Digitais e as organizações, os Imigrantes. Hoje mais de 55% dos brasileiros têm acesso à internet. Em 2011, 11% da população já possuía smartphone, a previsão é chegar em 31% em 2013. Quando tomamos exemplos de ações colaborativas via web, a participação só cresce. Em menos de dois anos de vida, o site de financiamento coletivo Catarse.me arrecadou cerca de R$ 5 milhões em investimentos individuais. Mais de 47 mil pessoas dedicaram parte do seu tempo e dinheiro para ver uma ideia ser realizada.
Iniciativas assim mostram como os cidadãos estão prontos para interagir com as instituições de modo participativo. Mas o quanto as organizações estão preparadas para essa lógica? Quantas instituições públicas têm sites ou aplicativos com serviços para a população? Algumas nem site têm. E atendimento online, relacionamento via redes sociais? Ou, ainda, quantas permitem a participação dos cidadãos na lógica de crowdsource?

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo informa em seu site o tamanho de congestionamento das principais regiões da cidade e, no Twitter (@CETSP_), acidentes ou eventos que podem atrapalhar o fluxo. Mas, e se a CET online fosse como um Waze, app em que os usuários avisam como está o trânsito na região em que estão, criando um mapa online e vivo a partir da perspectiva de quem dirige?





No novo paradigma digital o fluxo entre pessoas e organizações precisa ser mais transparente e fluido. O futuro pede instituições públicas abertas e em sintonia com uma nova era de cidadãos.

Dudu Fraga é co-fundador da empresa de pesquisa digital Talk Inc. e mentor da aceleradora de startups 21212

Prezados e Prezadas, comentem as observações do articulista e se já passaram por esse drama de estar no fogo cruzado entre os digitais e anagólicos.

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