segunda-feira, 20 de setembro de 2010

8º CBC termina com propostas de aproximação de questões do cinema e televisão


Da Redação da Tela Viva News - 16/09/2010

O 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual chegou ao fim nesta quarta-feira, 15, em Porto Alegre. Entre as resoluções do encontro, que reuniu cerca de 380 representantes de 64 entidades do setor, muitas diziam respeito à televisão, corroborando a sugestão do ministro da Cultura, Juca Ferreira, na abertura do evento: “Acho que vocês têm que prestar atenção no modelo argentino, que faz cinema integrado com a TV argentina e espanhola”, destacou, na ocasião.

Foram aprovadas sem destaques as seguintes medidas relacionadas à TV: apoio à liberação de novas outorgas para a TV por assinatura por parte da Anatel, incentivo à formação de programadoras independentes nacionais que se dediquem exclusivamente à veiculação de produção independente brasileira, apoio à aprovação do PLC 116/2010, que cria novas regras para a TV paga, e contrapartida das TVs que fazem uso de mecanismos fiscais, em especial o artigo 39 e o 3º A) com disponibilização de mídia promocional para a difusão de produtos independentes, e reserva de 8% do orçamento das TVs públicas para a coprodução e a aquisição de direitos de transmissão de filmes brasileiros.

Polêmicas

Alguns temas em especial causaram debates acalourados. Um deles diz respeito às salas de cinema resultantes do programa Cinema Perto de Você. A sugestão era que pelo menos 50% das exibições fosse de filmes nacionais. O tópico foi retirado na plenária. “Isso pode acabar prejudicando o pequeno exibidor”, explicou Cícero Aragon, presidente da Fundacine, reconhecendo, no entanto, que é preciso pensar em um sistema de cota de tela diferente do praticado em salas tradicionais para estes espaços. Outro ponto sugeria o aumento de condicionantes para os acordos de coprodução internacional. “Cada condição que você coloca torna as coisas mais difíceis”, afirmou a produtora Assunção Hernandez. O item foi eliminado. Ainda em coprodução, outro ponto retirado do documento parcial foi o que exige que o coprodutor estrangeiro comprove que se trata de um produtor independente, não ligado a nenhum major, estúdio ou canal de televisão. “É absurdamente contrário ao que se vem tentando com o Brazilian TV Producers. Prejudica o trabalho do produtor”, afirmou Silvio Da-Rin, da TV Brasil.

Alguns pontos foram incluídos no documento na plenária. Um deles cobra da Ancine medida regulamentar proibindo cobrança do mínimo garantido, antecipado ou não, para filme brasileiro em qualquer meio. O outro diz respeito ao fomento de parcerias público-privadas no audiovisual.

O documento final com a consolidação das resoluções deve ser concluído nos próximos dias.
Prezadas e Prezados, comentem!

20 comentários:

  1. Tathiane Mendes da Costa20 de setembro de 2010 às 13:21

    Muito interessante esse encontro, principalmente o incentivo a tramissão de filmes brasileiro na TV. Agora a discussão que ocorreu sobre a sala de cinema ainda vai dá muito pano pra manga. O Brasil ainda tem a cultura de filmes estrangeiros, ainda mais em cidade pequena. Vamos ver como vai ficar o propostas finais!

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  2. Acho legal incentivar o cinema brasileiro. Direto escuto pessoas dizendo "Odeio filme nacional" e isso é generalizar. Tem coisa ruim? Tem. Mas tem muita coisa boa também. Temos que dar valor. Acho que 50% é muito pro começo, o Brasil não tem tanta produção e força de industria como os EUA, mas é aos poucos que começa.

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  3. não é a primeira vez que esse povo se reune para fazer coqueteis e falar sobre distribuição e sempre que isso acontece penso nas sobrancelhas do barretão.

    mas a quetão não é somente a cota, mas a construção de novas salas independentes, com o é a Humberto Mauro aqui. a época em que o cinama nacional mais deu público foi na década de 70, a entrada custava uma dose de pinga e passava os filmes do carlão, do candeias, oswaldo de oliveira, pornochanchadas, cinema marginal...

    mas felipe, onde você leu que o brasil não tem tanta produção?

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  4. Como sempre, fala-se tanto, mas o mundo continuará inerte.

    Há pouco tempo atrás, revi um amigo que não via há algum tempo e contei a ele que estava fazendo cinema, ele me perguntou: "E isso presta?". Esse é o tipo de pensamento da maioria das pessoas.
    Creio que antes de priorizar o acesso do público ao cinema brasileiro, deve-se incentivar nele a vontade de assistí-lo.
    Tomemos as salas independentes de BH, por exemplo. Exibem filmes diariamente de graça, mas pouquíssimas pessoas frequentam.
    Um filme exibido não significa que será assistido, e atualmente, o HORRÍVEL, POBRE, ENFADONHO, FEIO E SEMPRE IGUAL cinema hollywoodiano (com exceção de Tarantino, irmãos Coen, P. T. Anderson e alguns poucos outros) é quase o único assistido no Brasil pelo público ordinário, dividindo uma pequena parcela com a inimaginavelmente ruim Globo Filmes, e um teco com o cinema europeu que não é lá nenhuma bosta especial também (exceto Haneke, irmãos Dardenne, Pedro Costa e a super foda Claire Denis).

    Em memória de Claude Chabrol (1930-2010).

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  5. Isso de 50% dos filmes exibidos serem nacionais seria algo muito legal e daria ao público mais opções de escolha... e é claro que o filme escolhido não seria nacional. Nosso país tem o péssimo hábito de fazer filmes focados na violência, em especial falando sobre favelas... e essas favelas são em grande ou total parte, do Rio de Janeiro. Deve ser por isso que os estrangeiros acham que aqui é tão violento,e ainda quando acontece algo que é divulgado internacionalmente, como aquele caso do hotel, em que alguns bandidos se esconderam lá, aí é que a coisa fica pior, pois aí quando visitam o Brasil, já trazem um colete à prova de balas e alguns seguranças. A coisa também não é assim, né? O problema é que o Brasil não se valoriza e quando tem a oportunidade de se mostrar, faz a propaganda mal. Os filmes nacionais mostram muito da parte, digamos "podre", e é só isso que chega lá fora. É claro que ainda não somos muito "maduros" em fazer filmes, mas estamos evoluídos. O problema agora é que o povo brasileiro é tão acomodado com tudo que já se acostumaram somente a ver filmes sobre favela ou comédias. E a roda continua girando em volta disso... por que quando resolve ousar, pode ser um risco muito grande.

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  6. Concordo com a idéia do ministro da cultura, quanto mais espaço as outras produtoras terem na TV aberta e paga melhor, discordo dessa mania da ANCINE de querer pegar % em tudo quanto é canto pra "ajudar" a produzir cinema no Brasil, eles podem ate querer realmente ajudar, mas no final não ajudam em nada.

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  7. conto até 10 mas não adianta, fumo um cigarro e não alivia, vejo uma a cena do nelson dantas no cabaret mineiro (http://www.youtube.com/watch?v=vUJomfmgjPQ&feature=related ), mas meu humor continua péssimo depois de ler o que nossa querida amiga paloma escreveu (digo querida sem ironia nenhuma, diga-se). NÃO, PÔ, NEM 5% DO QUE É PRODUZIDO AQUI É SOBRE FAVELA, ACONTECE É QUE QUANDO VOCÊ, COM UMA CERTA SOBERBA, FALA DESSE "POVO BRASILEIRO" (QUE ALIÁS, DIGA QUEM É) DEVIA PARAR PRA PENSAR E SE COLOCAR ENTRE ELES. QUAIS FORAM OS 10 ÚLTIMOS FILMES NACIONAIS QUE VOCÊ VIU?

    ASSISTA:
    ESTRADA PRA YTHAKA
    PACIFC
    A FALTA QUE ME FAZ
    MORRO DO CÉU
    VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO
    É PROIBIDO FUMAR
    (...)

    LEIA COM VORACIDADE:
    CINEMA FALADO
    http://contracampo.com.br/artigos.htm

    E ASSISTA CHABROL, COMO BEM LEMBROU NOSSO AMIGO YAMAMOTO!

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  8. Concordo com o Yamamoto. Não basta só a construção de mais salas independentes, tem é que rolar um interesse do povo brasileiro de assistir mais filmes que não sejam só os Hollywoodianos e etc. O cinema brasileiro tem muita coisa boa, e garanto que todo mundo abre a boca pra falar mal e não viu bosta nenhuma. Assino embaixo no comentario do Samuel.

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  9. Vinícius Coelho Perpétuo26 de setembro de 2010 às 20:39

    É muito bom ver todas essas tentativas de valorização do cinema nacional. Pena que ao que me parece, para cada tópico proposto lá no congresso a fim de fomentar o cinema nacional, havia sempre uma pessoa inconveniente descartando-o. Eu concordo com o Yamamoto e a Cristina, que é necessário investir em formas de quebrar esse maldito preconceito que enorme parte da população brasileira tem com relação ao cinema nacional. Mas acho que essa atitude de reservar 50% das exibições para os filmes nacionais não deixa de ser um começo. Pois minimizando as opções de filmes estrangeiros em cartaz e aumentando a de filmes nacionais, talvez o público crie uma aproximação maior com os filmes nacionais. E a medida que forem assistindo mais filmes nacionais, verão que temos muita coisa boa sim.

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  10. Essa é uma conversa que vem de muito tempo e até hoje ficamos nesse impasse.

    O que realmente falta no cinema brasileiro não é apenas construir mais salas, ou começar a exibir 50% de filmes nacionais, isso com certeza é importante, mas acho que principalmente, o cinema brasileiro precisa quebrar algumas barreiras que ainda são muito arcaicas. Nesse ponto eu concordo com o Samuel, quando comentou sobre o post da Paloma e do Felipe. O Brasil tem muita coisa interessante saindo a cada momento, mas que não é divulgada com o mérito necessário, eu mesmo conheço muito menos do que eu gostaria e por isso até me limito a falar sobre o assunto. Mas é notório o quanto a idéia das pessoas sobre o que se passa aqui dentro do audiovisual é superficial, tanto que a prórpia Paloma que é uma estudante de cinema, se restringiu em dizer específicamente sobre os filmes que abordam a favela, como se fosse o foco do cinema nacional, e é lógico que isso vem de uma falta de inclusão da população na nossa cultura. Falta uma coisa que o Samuel também disse, a gente precisa entender que o POVO brasileiro, somos nós também, se incluir sem o preconceito dessa palavra "povo", pois ao contrário do que muitos pensam, ela traz uma riqueza sem tamanho, e perder esse egoísmo de achar que cinema é fazer um filme sobre seus problemas pessoais, cinema é uma arma de comunicação e até de denúncia mesmo. É preciso quebrar essa barreira de achar que o cinema nacional é só o que é exibido nas maiores salas e que o foco é a pobreza e a favela, o Brasil tem esse péssimo hábito de tendenciar comercialmente o cinema pra o estilo que vende mais. Esse negócio de filme de favela rendeu bastante, então quando existe uma produção maior sobre esse estilo de filme, as emissoras e as grandes salas de cinema já começam a propagandear para vender como O grande produto do nosso cinema. Os filmes sobre favela e sobre pobreza vão existir enquanto existir essa falta de infra-estrutura de vida no Brasil, afinal o cinema é além de tudo que conhecemos, também um espelho da época. É preciso quebrar essa barreira que o cinema nacional é ruim, é pequeno, que são poucas produções, que são mal feitas, mas para quebrar isso, é preciso que exista uma política de divulgação e de incentivo. Levar o cinema independente pras salas, pra casa das pessoas, disponibilizar mais o que é produzido aqui dentro para que as pessoas vejam e digam "o cinema nacional é muito mais do que eu conhecia e muito mais denso do que eu imaginava". Mas pra isso é preciso que o Governo invista mais e acredite mais, já está aumentando muito, mas ainda está muito longe do que queremos. Além disso tudo, é preciso quebrar as barreiras do outro lado também, desmistificar um pouco essa coisa de cinema americano, é claro que os caras são fodas, sabem como ninguém fazer filmes, mas a maioria das coisas que são exibidas aqui como as GRANDES ESTREIAS, geralmente nem são os melhores filmes deles, mas sim os maiores, é preciso visar o fator qualidade do conteúdo, isso que falta. O Brasil é um país do caralho, mas que está encoberto por essa camada de porcaria, tanto no cinema como em tudo que diz respeito a cultura e arte, música é um bom exemplo, temos muita coisa boa surgindo à todo momento e o que explode são os lixos.

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  11. Matheus Pereira Santos30 de setembro de 2010 às 12:23

    Essas novas resoluções para TV estão sendo muito otimistas na minha opnião. É claro que daria maior visibilidade às independentes - ou não já que estamos falando de TV Paga - e aumentaria o número de produções nacionais sendo exibidas na tv através do finaciamento. Resta saber se isso beneficiará a todos de forma equalitária, se entrar em vigor.
    Quanto ao "Cinema Perto de Você", acho uma questão cultural já - não somente - da sociedade brasileira atual quanto ao não-interesse pelo cinema produzido em seu país - cuja produção vem aumentando consideravelmente nos últimos anos - e a preferência dada às produções norte-americanas, e, de tempos em tempos a filmes brasileiros produzidos aos moldes hollywoodianos e, em sua maioria, da Globo Filmes. Na minha opinião, essas políticas de incentivo à exibição de filmes nacionais vão sempre estar atreladas ao interesse dos exibidores e distribuidores, e não a dar prestígio ao cinema nacional ou qualquer outra coisa.

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  12. Seria excelente se esse tipo de proposta que tem por objetivo aumentar a quantidade de filmes brasileiros exibidos em cinemas se refletisse em uma quantidade, no mínimo proporcional, do público de fato buscando estes filmes, mas o problema com estas problemas sempre foi e aparenta continuar sendo, por um bom tempo, a falta de retorno real que isto teria.

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  13. Acho legal a ideia de apoiar mais as produções independentes. Muito bom se realmente funcionasse a ideia de exibiçao de filmes brasileiros. Acho que nao convence a ideia de modelo argentino de TV com cinema, pois o Brasil tem um padrao diferente de TV.

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  14. Acho realmente muito interessante este tipo de medida, mas gostaria de presenciar estas novas idéias, principalmente a da tv, que para mim se encontra em futuro longínquo ou até mesmo inexistente.

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  15. Acho legal o incentivo às produções do cinema brasileiro, e realmente acho que o povo brasileiro deveria conhecer e se interessar mais pelas produções daqui. Conhecer mais o cinema é conhecer a cultura do Brasil também, mas acho que falta um pouco de divulgação também. Quem sabe a TV não cumpriria esse papel?

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  16. Leonardo Bragioni - 4º P - Cinema15 de outubro de 2010 às 12:35

    Produção de qualidade nós temos, nosso cinema é rico e autêntico. Acho que a distribuição do nosso produto precisa ser melhor.

    Somos brasileiros e negamos a nossa própria arte.
    Estou cansado de ver cinemas abarrotados de lixos cinematográficos. Acredito que o cinema brasileiro é tão mal reconhecido justamente pelo fato de ele não ter espaço para se mostrar. Concordo com a questão dos 50% de exibição de nosso produto, acredito também na abertura de produções independentes de outros países, não podemos e não acho certo vivermos sem o conhecimento do cinema feito por outros países.

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  17. O Brasil precisa sim de medidas para fortalecer o cinema nacional, de mais espaço na tv e maior distribuição. Não é por isso que deve-se negar as produções de outros paises. Filme bom não tem nacionalidade, dizer isso é dizer que uma arte é superior a outra dependendo da nação onde é produzida.
    Há uma enorme ignorancia nos que negam o cinema 'comercial' e acham que o proprio gosto (ou o gosto de algum critico fodido de algum site) é o melhor. Esses comentários parecem piadas...

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  18. Eita, esse negocio de cinema autentico sei não, isso me parece com aquele discurso de cinema de guerrilha.

    Melhores políticas de distribuição e exibição são necessárias, se for ver nós produtores independente ganhamos dinheiro com projeto e não propriamente com o cinema, muitas vezes o próprio filme é o "premio".

    Incentiva essa porra ai!

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  19. novas outorgas: show
    apoio a produção independente: showwww
    sistema de cotas é foda...tem que melhorar a distribuição e exibição....adianta fazer cota de exibição se não tem onde passar?

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  20. Acredito que o cinema brasileiro deve procurar, brigar e discutir pelo seu lugar. Mas sem imposições. Acho interessante ter espaço em que o cinema brasileiro, possa estar na TV brasileira. Mas regulamentar metade das salas de cinema, aos filmes brasileiros, acho complicado, para o empresário, responsável pelo cinema (principalmente no interior, onde muitas vezes a população ainda não possui maturidade cultural suficiente para digerir produções de cineastas vanguardistas brasileiros).


    Rodrigo Firmo Emediato
    8º PP - Manhã

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