segunda-feira, 23 de abril de 2012

Produções começam a ser exportadas pela televisão brasileira

Na esteira da crise europeia e da proximidade de Copa e Olimpíada, seriados, animações, filmes e até reality shows brasileiros ganham território internacional

Por Cristina Padiglione - O Estado de S.Paulo/Agencia Estado - 16/01/2012 - 22h 51
 
O Brasil vai bem na fita, obrigado. As boas contas da economia e a proximidade de Copa e Olimpíada colocaram o País em evidência. E isso ajuda a explicar por que as novelas, embora ainda dominem o mercado, já não estão sozinhas na imagem que o Brasil exporta por meio de sua indústria televisiva. Documentários, séries de dramaturgia, reality shows e animações têm cruzado fronteiras com êxito.
O feito é obra da produção independente, do crescimento da TV paga e das leis de incentivo. Desde o ano passado, o Brasil foi alçado ao posto de maior mercado de TV por assinatura da América Latina em números absolutos, com 12,4 milhões de pagantes e largo potencial de crescimento, já que apenas 20,4% de domicílios dispõem do serviço.
"O Brasil começou a incrementar seu audiovisual independente a partir da TV por assinatura, que tinha orçamento mais baixo e buscava serviços de terceiros, motivado depois pela criação das leis de incentivo", diz Marco Altberg, presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes, a ABPI-TV, que nas feiras internacionais se apresenta como Brazilian TV Producers (BTVP) desde 2004, com apoio do BNDES.
Recursos como o Artigo 39, Parágrafo 3.º A e o Fundo do Setor de Audiovisual (FSA), liberado pela Ancine, aquecem as chances de coprodução com grupos locais ou internacionais cá estabelecidos, como Discovery, Turner, Fox, HBO e ESPN, e também contemplam interesses de canais de fora. Em geral, toda produção nascida no Brasil já tem passaporte garantido para ir ao ar nos canais desses grupos por toda a América Latina.
É o caso de uma série sobre futebol de praia, em fase de finalização pela Conspiração para a ESPN. Vale também para uma série sobre o Pantanal, destinada ao National Geographic (NatGeo), obra da Bossa Nova Films. Acontece ainda com Escola pra Cachorro, produção da Mixer para a Nickelodeon. Ou com À Brasileira, série da Cinevídeo para o canal TLC, do grupo Discovery.
"Dificilmente um grande projeto é bancado por uma só fonte de financiamento, e os parceiros internacionais procuram possibilidades viáveis para uma coprodução, por meio de leis de incentivo", afirma Fernando Dias, da Grifa, produtora da série Extinção, coprodução com a França, Cingapura, Canadá e Brasil, vista aqui pela TV Brasil e em mais de 40 países.
Com a ESPN, a produtora desenvolve um documentário sobre o mundial faturado pelo Flamengo em 1981. E tem ainda O Brasil da Pré-história, outra coprodução com a França, vista em mais de 60 países. "O Brasil não entrou na rota dos países procurados por ser um país barato. Entrou porque passou a se firmar como bom desenvolvedor de conteúdos, é um parceiro que hoje tem possibilidade de alavancar recursos para o projeto", argumenta Dias.
A crise internacional só torna o cenário mais favorável. A falência de empresas pela Europa e EUA afeta também a indústria do audiovisual. "A crise na Europa nos coloca em vantagem", concorda Denise Gomes, da Bossa Nova Films, produtora que negocia com um canal internacional uma coprodução sobre futebol. Mantido ainda sob sigilo, o projeto nasceu em função da Copa de 2014. "Quando vamos ao Mipcom (importante feira internacional de TV), ninguém mais pergunta se moramos no meio da selva, estamos em um país em crescimento, as pessoas vêm nos procurar", atesta Carolina Guidotti, da Cinevideo. Produtora de Amazônia, reality show lançado no início do mês pela Record, a Cinevideo assiste à possibilidade de exportação do programa a seis países.
Também é da Cinevídeo o documentário Drums, que explora as nuances entre os vários ritmos e intensidade da batucada pelo mundo, que incluiu o Brasil a pedido da rede árabe Al-Jazeera. "O Brasil não é visto como exportador só de serviços", retoma Dias, da Grifa. "As pessoas associam muito o audiovisual com cultura, isso vende turismo, tecnologia, futebol." 

Prezadas e Prezados, dêem sua opinião sobre a nota e pensem nas suas próprias oportunidades.
 

21 comentários:

  1. Gabriella Gomes Pertence23 de abril de 2012 às 13:04

    O aumento da visibilidade das obras audiovisuais brasileiras é interessante para todos os profissionais (e futuros profissionais) da área, pois aumenta as chances de parcerias e exportação de produtos com outros países, além de gerar uma imagem condizente com o Brasil. Já passou da hora do nosso país ser reconhecido como produtor de obras audiovisuais de qualidade, além de ser somente o país do carnaval e futebol. O momento é proprício devido à crise financeira na Europa e também à posição de destaque que o Brasil se encontra, graças à Copa do Mundo. Devemos aproveitar a boa fase e nos firmar no mercado internacional.

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  2. Luciano Crisostomo do Nascimento26 de abril de 2012 às 14:50

    Cada ano que passa as produções audiovisuais brasileiras são mais solicitadas e bem vistas por vários países ao redor do mundo, isso porque os altos custos de produção, agravados pela valorização do real e ainda com a crise mundial faz com que esses paises demandam esse tipo de trabalho para os brasileiros.Teremos grandes oportunidades que serão geradas para o setor com a proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada com certeza, juntamente com esse crescimento, nós profissionais do audiovisual teremos maiores oportunidades de trabalho e porque não reconhecimento atrelado a lucratividade.

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  3. Não restam dúvidas de que o nosso país vive um bom momento. Obras, crescimento econômico, aumento de renda, acesso às tecnologias entre outros fatos, são “assuntos” comuns na imprensa. Em relação ao audiovisual, como vimos na matéria, o Brasil começa a aparecer de fato. Se antes, apenas as novelas, grandes produções, ganhavam o exterior, hoje vemos uma enorme oportunidade através dos canais fechados e principalmente da internet. Para nós, isso é extremamente benéfico. Webséries, curtas, documentários, programas de todos os gêneros produzidos por aqui, poderão invadir nossos lares e os lares de estrangeiros. Devemos aproveitar o momento e nos consolidar.
    No nosso caso, devemos fazer de Minas Gerais, um pólo de produção audiovisual, retirando uma fatia do bolo que fica com o eixo Rio/São Paulo. Temos essa responsabilidade e principalmente, temos essa possibilidade.

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  4. Sem dúvidas, o crescimento das produções televisuais brasileiras no exterior é um avanço grandioso para o país e uma oportunidade áurea para os produtores e profissionais da televisão no país. Oportunidades de emprego vão surgir conforme a demanda aumentar, criações irão aparecer e tudo vai muito bem. Mas é preciso ter cautela. Será que esse aumento desmedido das exportações dos produtos televisuais brasileiros gera em torna apenas desse período de copa do mundo e olimpíadas? Será que, após esse momento, esses mesmos produtos e exportações irão continuar? Será que haverão cortes de pessoal em massa e todos aqueles que contribuíram para esse crescimento serão esquecidos? É ótimo saber que as criações brasileiras estão sendo valorizadas lá fora, mas acho que mais importante ainda seria fazer esses mesmos produtos serem valorizados aqui dentro primeiro e essa realidade, essa fórmula de agradar aos próprios brasileiros em relação ao conteúdo das tv's pagas ou abertas ainda está distante de ser uma realidade.

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  5. Já era tempo do cinema e dos produtos audiovisuais brasileiros serem reconhecidos fora do País. O brasileiro tem muito jogo de cintura e muita criatividade. Quem passou por crises, políticas e financeiras, como nós, ao ponto de conseguir driblar uma inflação de 84% ao mês sem entrar em desespero, é um povo muito talentoso. Temos que agradecer aos pioneiros que investiram na produção independente, na TV paga e àqueles que lutaram pelas leis de incentivo, pois abriram caminho, de todas as formas, para que isso acontecesse, facilitando a vida dos novos profissionais da área.
    Enfim, se o mercado internacional está investindo, abrindo suas portas e acreditando em nós, devemos fazer o mesmo, isto é, acreditarmos que podemos fazer e vencer o mercado nacional e internacional.

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  6. Como o texto diz e o pessoal acima reforça, esse é o momento do Brasil. Graças ao estereótipo do “país do futebol”, estamos nos tornando também o país que é rico em diversas outras áreas, como o audiovisual. Por coincidência, na aula de sexta feira passada, dia 4 de maio, a professora Tatiana estava falando justamente sobre isso com a gente, do BUM que está acontecendo na nossa área. Esse é o momento do Brasil crescer com o audiovisual, e há vários aspectos “conspirando” a favor do país, e nós, como estudantes de Cinema e Audiovisual, temos que aproveitar essa oportunidade e nos dedicarmos o máximo possível para crescermos e ajudarmos o Brasil a crescer cada vez mais. Ajudar o Brasil a continuar provando que nós temos a capacidade de fazer grandes produções, produções que vão além das telenovelas e futebol.

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  7. O Brasil vem crescendo na área do audiovisual e esse reconhecimento do exterior e uma nova demanda sem dúvidas é excelente para quem já trabalha no mercado do audiovisual e também para quem irá ingressar nele.
    É o momento de desenvolvermos nossos projetos e nos empenhar em fazer o melhor que pudermos, pois há mercado para todo bom trabalho desenvolvido. Capacidade e conteúdo nós temos e se temos mercado, podemos nos movimentar sem medo. É hora dos alunos também produzirem e se arriscarem, ingressando no mercado de trabalho, ocupando seu espaço.

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  8. Graças a Deus o Brasil tem hoje esse mercado fora, mas temos que analisar alguns pontos, como: • temos que preocupar também com o mercado interno; • o que exportamos carrega os estereótipos já impregnados?
    Cada vez mais vemos produções nacionais, principalmente no cinema, mas, particularmente, são na maioria das vezes os mesmos temas: favela, jeitinho brasileiro, mulata, samba... Temos mais o que mostrar e isso é importante ser passado não só para as produções internacionais, mas também as nacionais.
    Nós como estudantes de cinema E AUDIOVISUAL temos que nos preocupar com os conteúdos e como isso vai ser passado. E lembrando, como a Tati mesma falou em sala, não basta que tenhamos ótimas ideias, temos que saber empreendê-las e apresentá-las.

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  9. Com um novo campo de atuação, o Brasil pode oferecer muito ao mundo, principalmente se for além do que ja foi produzido. Capaz de ser um inovador, o Brasil abriga uma multiplicidade cultural muito grande que não é muito investigada ainda. O fato de países trabalharem num mesmo projeto audiovisual também é um ponto muito positivo para a inovação e a troca de experiencias entre profissionais. O mercado se fortalece em um momento de grande criatividade para a tecnologia e a distância entre os brasileiros e os melhores meios de produção está se encurtando.

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  10. Arivaldo(Diego Oliveira\ator)23 de maio de 2012 às 15:18

    O Brasil precisa aproveitar esse momento de visibilidade, por causa da Copa de das Olimpíadas, e procurar outros mercados para além da Europa e América. Precisamos investir mais no Japão, Índia entre outros. Fazer como os Mineiros “comer pelas beiradas”. Desta maneira, quando nossa fama correr por todos esses países, os Americanos e os países Europeus terão mais respeito pelos nossos produtos e por nosso povo. Não podemos esquecer também de continuar investindo em tecnologia de ponta. Caso contrário, não conseguiremos sobreviver no mercado estrangeiro. Bons roteiros também fazem a diferença, aliás, uma boa ideia é o que garante um lugar no mercado. Precisamos nos profissionalizar, cada vez mais, e fazer do meio acadêmico um lugar de discurso e divulgação do áudio visual.

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  11. A copa trará mais visibilidade ao Brasil. Os estrangeiros que antes não pensavam na nossa cultura, agora estarão instigados. Acredito que essa é uma fase de oportunidades, tanto para o Brasil quanto para o exterior. Estamos em um momento onde o mercado brasileiro está em expansão, este é o tempo certo para investir em bons projetos e produções. A visibilidade que o Brasil está ganhando, no entanto, não deve ocupar todo o espaço, devemos antes procurar investir e fortalecer o mercado interno para depois aproveitar as outras oportunidades.

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  12. Bom saber que o Brasil não está mais sendo reconhecido pelas suas podres novelas. Tem um mercado extremamente rico dos brasileiros que merecem um reconhecimento e é muito triste saber qeu somento produtos da Rede Globo com suas novelinhas sem graça tomem esse mercado internacional. Como as emissoras de tv a cabo tem que ter essa produção independente nacional, eles acabam reaproveitando esse material em outros países, tornando assim nossos produtos mais visíveis, deixando um pouco de lado as novelas.

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  13. Com o acesso cada vez mais fácil a informação e as novas tecnologias, os profissionais do terceiro mundo estão se aproximando cada vez do mercado internacional. As oportunidades não parem de surgir, vide a HBO que já vem produzindo series na America latina ha um bom tempo.

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  14. Elizangela do Carmo S Silva - Aluna UNA21 de junho de 2012 às 17:48

    Pra mim é tudo muito lindo e promissor, mas a realidade ainda é que o Brazil é um paraizo, somos criativos, detalhistas, fazemos um trabalho de qualidade e com o preço lá em baixo. O famoso bom e barato! Temos que valorizar mais o nosso produto idependente de crescimento global, crise econômica. Etc. etc. etc...

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  15. A matéria é convincente no sentido de apresentar dados quantitativos, resultantes de pesquisas sobre o assunto. A produção audiovisual está em plena expansão e o mais interessante é pensar nos canais que possibilitam a veiculação de variados tipos de produtos. O documentário é um gênero que permite realizar uma produção sem custos tão altos. Um dos depoimentos conclui que a televisão brasileira e o audiovisual dirigido a ela tem sido rico em conteúdo. A defesa acontece pelo fato do preconceito de que se há procura de produtos brasileiros é porque é de baixa qualidade o que não procede. Importante a matéria reforçar um ponto de vista diferente deste.

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  16. O crescimento do mercado audio visual no Brasil é de grande importancia
    tanto para quem ja pertence a essa area, quanto para nos universitarios
    que estamos formando. O reconhecimento vindo de fora é mais uma prova disso.
    Acredito que se o mercado internacional tem a intenção de investir em produtos
    nossos, é a hora de arregaçarmos a manga para fazermos por onde.

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  17. Legal saber de varias produtoras de fora tem interesse em filmar nossa cultura no Brasil, mas aqui ainda é muito dificil conseguir financiamento para produçoes locais e muito menos internacionais sobre nossa propria cultura. Nao só de Lei de Incentivo vive um cineasta. Por isso a area publicitaria/comercial que mais dá retorno aqui pra nós.

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  18. Talvez os dias de glória do povo brasileiro finalmente tenham chegado. E claro que me alegro e devo celebrar isso.
    A nova lei que incentiva as TV's a cabo a produzirem parte de seu material em território nacional já nos ajuda em muito, com as oportunidades de emprego.
    Agora... exportando para fora do país, a coisa ficou ainda melhor.

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  19. O Brasil tem como uma das características principais de seu povo ,a criatividade. No momento que nos é muito oportuno nós devemos nos inspirar na crença japonesa que aonde se enxergar a crise é o mesmo lugar aonde eles veem as oportunidades mesmo que seja uma visão de sucesso na crise alheia kkkkk... Devemos nos livrar do complexo de colônia e começar a nos valorizar e as produções nacionais, pois como na maioria das vezes esperamos o reconhecimento lá de fora, que já começou a bater na nossa porta ...Pois então, agora já podemos acreditar, no nosso potencial no meio audiovisual!Ah ,e eu adoro Peixonauta !É um desenho de estética e linguagem simples, mas super divertido.

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  20. Luciana Beck de Brito2 de julho de 2012 às 22:49

    Sem dúvida é uma ótima notícia sabermos que paramos de ser vistos como moradores do meio da floresta, amigos de macacos, e começamos a ser fonte de cultura, turismo e investimento. A visão dos outros países sobre o Brasil nunca foi algo muito comemorado por aqui. Saber que ao encontrar um morador do dito “primeiro mundo” perguntas do tipo “vocês moram na floresta?”ou “lá tem carro suficiente para formar um engarrafamento?” seriam comuns, era uma demonstração de como a imagem do nosso país era deformada e manipulada pelas fontes de informação internacionais. Ter essa visão transformada tão drasticamente e em tão pouco tempo pode trazer desconfiança a qualquer um. Porém, já é conhecido que a mídia só dá valor aquilo que lhe interessa e quando vai lhe proporcionar algo. Cabe então a nós sabermos tirar o devido proveito disso. Não podemos esperar que milagrosamente comecemos a ser respeitados e reconhecidos internacionalmente. Devemos aproveitar essa oportunidade que está se mostrando agora. Não é garantido que depois que a crise da Europa passar, depois que a copa e as olimpíadas acabarem, ainda estarão interessados em nossas produções. O que é garantido é que agora estão. Então aproveitemos a oportunidade, para produzir, divulgar e difundir nossas obras e depois esperar que o reconhecimento de nossos trabalhos e nossas virtudes serão suficientes para nos manter no ar fora do país.

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  21. Ah, sou suspeito pra falar de copa do mundo, afinal tenho uma visão clara e objetiva do quanto isso é uma herança maldita vinda dos governantes passados (coff Lula coff coff). Enfim, enquanto o que tem de ruim para acontecer não acontece, é bom saber que a imagem do Brasil se sai bem (por enquanto, o fracasso dos eventos futuros vai sem duvida ser uma humilhação internacional). Portanto é de meu agrado pensar que a produção nacional atinge algo que eu acho importante, ser universal, funcionar fora de algumas barreiras. Isso é no minimo admiravel...

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