terça-feira, 4 de maio de 2010

Classe D é a bola da vez

Por Sylvia de Sá - Mundo do Marketing - 16/03/2010

Depois de todas as atenções voltadas para a classe C, chega a hora da classe D. Com R$ 381 bilhões para gastar em 2010 e expectativa de que a massa de renda ultrapasse a da classe B ainda este ano, é na D que o mercado encontra novos consumidores. Com o perfil de consumo diferente de todas as outras classes sociais, já que não pode arriscar e precisa fazer o orçamento render, as famílias da base da pirâmide aparecem como um desafio para o mercado, mas podem ser uma grande oportunidade para as empresas que conseguirem entendê-las.

Com uma cesta de produtos ainda reduzida, se comparada ao consumo das outras classes, esses consumidores estão em ascensão. O número de categorias consumidas passou de 21, em 2002, para 34, em 2009, segundo o estudo Tendências da Maioria, realizado pelo Datafolha/Data Popular e obtida com exclusividade pelo Mundo do Marketing. Entre os produtos que entraram para a lista de compras recentemente estão suco pronto, massa instantânea, detergente líquido, molho de tomate, creme de cabelo e amaciante de roupa. Esse número tende a crescer e não se limita ao consumo de massa.

Em 2010, estes consumidores pretendem adquirir computador, geladeira, moto, carro e viagens de avião. O segredo para vender para eles está em desvendar as diferenças e características desta classe, que muitas vezes se assemelham às da classe C. Saem na frente as marcas que apoiarem este consumidor no momento em que ele ingressa no mercado de consumo.

“O consumidor de classe D está sendo apresentado agora ao universo das marcas. Aquelas que souberem ensiná-lo que marca não é apenas status, mas que funciona como avalista de qualidade de um produto, tendem a ter a fidelidade desse público”, aponta Renato Meirelles, Sócio-diretor do Data Popular, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Venda deve ser assistida
Marcas que usem embalagem ou material de comunicação para orientar estes consumidores estão no caminho certo. A venda deve ser assistida, o que faz com que o papel do autoserviço seja menor na classe D, que prefere comprar em feira livre, no varejo tradicional ou com um vendedor porta a porta, para que receba explicações sobre a melhor maneira de usar o produto.

As categorias que pretendem conquistar o consumidor da base da pirâmide devem investir em embalagens e quantidades de menor desembolso, que deixem o consumidor seguro para arriscar e experimentar novos produtos. Já aquelas que estão consolidadas e são de presença contínua no dia a dia podem apostar em embalagens tamanho família, que tendem a ser mais econômicas.

Para as marcas de consumo de massa, a classe D é o segmento em que as chances de faturamento são maiores. “É um mercado muito grande, o que para os bens de consumo de massa é fundamental. Tem muito mais gente na classe D do que na A e na B”, conta Meirelles (foto). Atualmente, são 71,3 milhões de pessoas que recebem até três salários mínimos. Até novembro de 2009, 30% da classe D havia migrado para a C, enquanto 55% mantiveram a mesma posição e apenas 15% caiu para a E. “O que a classe C for crescer virá da classe D, eles são os emergentes dos emergentes”, explica Meirelles.

Mulheres respondem por 43% do orçamento
Programas como o Bolsa Família são algum dos responsáveis por impulsionar o consumo entre essas famílias. Outro fator importante é o aumento do salário mínimo. O último reajuste, por exemplo, colocou R$ 27 bilhões na economia. Serviços educacionais, produtos de higiene e beleza e itens de informática são interesses que se destacam por serem vistos como um meio para aumentar o orçamento familiar.

De acordo com a pesquisa do Datafolha/ Data Popular, 25% dos entrevistados pretendem matricular seus filhos em escolas particulares. Atualmente, das 5,5 milhões de crianças de até 14 anos que estudam em colégios privados, 19,1% pertencem à classe D. Já o computador aparece como um dos principais bens a serem consumidos este ano, com 33% das intenções de compras. A beleza também é vista como um investimento para se destacar no mercado de trabalho.

Isso inclui as mulheres, que já chefiam 32% das famílias de classe D e respondem por 43% do total de rendimento. “A beleza é importante, pois elas tendem a ganhar mais dinheiro quando se apresentam melhor. A busca pela vaidade está relacionada ao resgate da autoestima, mas também é um investimento para se dar melhor no mercado de trabalho”, explica o Sócio-diretor do Data Popular.

Investir na classe D pensando no futuro

Na hora de se comunicar com este consumidor, a televisão ainda é o principal canal, mas não se pode negar o crescimento da penetração da internet neste grupo. “Este consumidor ainda é medroso para a compra on-line e o cartão de crédito é algo recente, mas a internet como fonte de pesquisa de preço já é um fato”, acredita Meirelles.

Com a consolidação da classe C e a ascensão da D, encontrar a forma ideal para se comunicar com este consumidor é o caminho para o sucesso das marcas que toparem o desafio. “Quem foi pioneiro olhando para a classe C olhe para a classe D. Eles são mais jovens e farão parte do mercado consumidor por mais tempo. Investir no futuro é investir na classe D, seja porque ela migrará para a classe C, ou porque tem mais a conquistar, já que a cesta de produtos é menor. As marcas que entenderem essa oportunidade têm grande chance de serem líderes de mercado no futuro”, aconselha do Sócio-diretor do Data Popular.
Prezadas e Prezados, apesar da ênfase para o consumo, certamente temos muitas dicas sobre o perfil da Classe D, o personagem principal de nossa série de TV. Comentem o que podem aproveitar.

13 comentários:

  1. Artur Andrade, disse...

    Acho que é muito fácil pensar num personagem, sem nem entender seu cotidiano, seus gostos, seus desejos, seus interesses e suas opiniões e achar que essa é a verdade. Ouvi comentários na sala de que a serie não mostraria a pobreza absoluta. Tudo bem, mas entender que ela existe e que estará presente na vida do personagem é importantíssimo para não sermos superficiais e acabar criando uma visão falsa do que achamos ser a vida de determina pessoa.

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  2. A classe D está realmente começando a ser notada agora pelos comerciantes e grandes empresas. Seu potencial de compra não é muito grande, mas se pensarmos na quantidade de pessoas que se incluem nessa classe, vemos que o ganho das empresas será na quantidade de vendas, e não no valor das vendas unitárias. Muitas das coisas que as pessoas da classe D querem adquirir são produtos que agora tem acesso mais fácil, graças à melhor acesso ao crédito e às melhores formas de pagamento. Acredito que essa classe será base bastante importante para a economia do país.

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  3. tudo é consumo, e o vento passa.
    a matéria mostra a triste realidade para ser enxergado em uma sociedade pautada pelo consumo.
    foi a mesma coisa com os gays e o pink money.
    o que mostra que quem paga manda, só que as demandas dessas classes não serão nada mais que caixainhas de suco pronto ou eletrodomésticos de proced~encia duvidosa.

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  4. O que mais me chamou a atenção no texto, foram os produtos que passaram a ser mais consumidos por pessoas de classe “D”, dentre eles entraram para sua lista de compras: Suco pronto, massa instantânea, detergente líquido, molho de tomate, creme de cabelo e amaciante de roupa”. Esse número tende a crescer e não se limita ao consumo de massa.


    Na verdade o que vimos é um consumo de mercadorias mais sofisticadas, mas se pararmos para pensar, são produtos de fácio manuseio, tanto na culinária, quando no uso pessoa, o uso desses tipos de produtos, deixa a sua vida mais ágil. Vemos também uma preocupação com a aparência física e com as escolhas de marcas, fato este que até a alguns anos atrás, era uma questão obsoleta.


    Este tema abordado sobre a classe “D” se encaixa exatamente com o personagem da série “Leandro José Ferreira”. Pois se trata de um bom vivam que passou toda sua vida, buscando sempre o lado mais pragmático de se viver, e com isto ganhou notoriedade.

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  5. O post sobre consumo é muito interessante por demonstrar não apenas a vontade em consumir mas sim onde estão localizados os desejos deste consumo.Hoje, as possiblidades cresceram mas nem sempre foi assim, anteriormente num tempo menos tecnológico e de menor acessiblidade a certos produtos, era impossível para pessoas de baixa renda.

    Acho isso muito bom porque o desejo de consumir não está apenas em quem tem maiores condições financeiras, e nem deve estar, este desejo está em TODOS nós.
    A diferença é obviamente quais os motivos reforçam nossa vontade e nosso ânimo em pagar "x" ou "y" por um automóvel ou por um
    computador.

    Há quem pague por um Ferrari F360, a bgatela de R$489,990,00 e há quem desenbolsa boa poarte do seu salario minimo em roupas da feira ou adereços em shoppings populares.

    Porém o público com menor renda está em maior número e isso para o mercado é um dado valioso pois o mercado a ser conquistado gera riqueza pois as prestações de bens lhes conferem lucros agendados e certos,a tendência é de que com facilidades para pagar o consumo aumenta.

    Para o trabalho proposto neste semeste, programação seriada televisiva falando de publico "d" com o foco em publico "d", enxergo nitidametne que se bem detectada a linguagem que alcança esse público é sucesso e lucro certo pra quem está a fim de produzir e para não deixar ninguém "insatisfeito" dá pra apostar em bom gosto porque até ele, pode subir na escala!

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  6. A classe D nessa tabela está representada como se fossem os "burgueses contemporâneos", o que não concordo de forma alguma. Acho complicado dividir um mundo inteiro em 5 classes sem que haja pelo menos 98786596789 mil exceções.
    Mas de alguma forma temos que limitar os estereótipos para que o formato escolhido dê certo (o que também, quanto ao formato televisivo estereotipado, eu não concordo).

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  7. Fantástico. Sempre defendi que essas classes são promissoras no consumo não somente de bens materiais mas também de cinema e, principalmente, de TV.

    Uma forma simples de compreender isto é possível através da teoria da cauda longa... Enquanto existem algumas cabeças grandes e poderosas (Classe A, AA...), a cauda, pequena, fina e longa (Classe C, D...) consegue, em tamanho, superar o tamanho das poucas cabeças... É só pensar, quantos veículos de série especial e limitada, com valor de 600mil pra cima, a gente vê nas ruas? E quantos unos tão por lá?! Juntos, eles ultrapassam o pouco investimento feito com alto valor.

    O mercado está percebendo isto e mudando sua estratégia, o que é muito bom. Surgem salas de cinema a preços super populares, democratizando e facilitando o acesso à cultura... As próprias empresas passam a investir mais em alcançar este público, uma vez que ele quer sim ter um carro, melhor condição de bem-estar e aparência etc etc.

    Um dado particularmente interessante, apoiando na defesa da série produzida para este semestre, é o de que praticamente 20% dos estudantes de escolas particulares pertencem a classe D - abordada pela série. =]

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  8. É um bom investimento esse. Ao invés de vender um caro, vender vários mais baratos, superando aquele mais caro. A classe D é grande aqui no Brasil, e investir nela é bom para quem compra e quem vende, trazendo mais lucro e mais acessibilidade aos consumidores.
    Concordo com o que o Gabriel disse sobre eles serem grandes consumidores do Audiovisual e que é uma ótima ideia os ciemas darem mais acessibilidade com preços mais baratos, tornando as Terças - feiras lotadas no cinema qualquer hora do dia, o que vira, as vezes até, programa semanal de muitas pessoas.
    Mas também é estranho falar "deles" "eles" como uma classe D. O que também concordo com a Mariana de querer separar o mundo todo em 5 classes. Acho que muitos de nós e muitos que conhecemos vivem uma misturas de classes.
    Ao fazer o trabalho perguntando pessoas o que acha de classe D, ví respostas como "A classe mais baixa", "a favela", "drogas e violência", "a classe real do povo brasileiro".
    Não seria talvez a classe real do povo brasileiro? Dentro do cinema lotado nas Terças feiras eu também vejo "classe A" lá dentro...

    Fernanda Amâncio
    5º peíodo - Noite
    Cinema e Audiovisual

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  9. Muito bacana o mercado consumidor investir na classe D, abrir portas para eles e oferecerem seus produtos, não ficando fechados apenas a classes mais altas, oferecendo coisas a um bom preço ou com boa forma de pagamento e garantindo qualidade a todos.
    Dentro disso, pro nosso capítulo de minissérie em questão nem é muito aproveitador, mas pro meio audiovisual como um todo, tendo em vista que nosso TIDIR se baseia em um edital real, é importante toda essa inserção na classe D, já que, falando de Brasil, é a TV a principal fonte de propagandas e comerciais e, já que o post se refere ao comércio e à classe D, tudo acaba se unindo, juntando a fome com a vontade de comer, e trazendo a Classe à tona, fazendo com que as outras classes a conheçam, saibam que ela existe, tá ali, pensa, sente, sofre, sorri, como qualquer outras pessoas de outras classes, e tire esse preconceito que há no Brasil. A TV é muito importante e consegue mudar pensamentos.
    Contudo, para mim, é muito importante e fundamental a inserção da classe D em quaisuqer meio que seja, e tudo tem q ter um começo... estamos começando pelo meio comercial.

    Renato Costa

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  10. A classe D ainda tem um poder aquisitivo baixo, no entanto são esses novos consumidores que prometem dar uma aquecida no mercado. Essa classe prioriza as necessidades básicas, como por exemplo, alimentação, higiene pessoal e educação, não deixando de investir o mínimo que seja em diversão e entretenimento. Dentro da diversão e do entretenimento, estão as viagens de avião que não é mais exclusividade das classes A e B, vendo isso as empresas de transporte aéreo estão fazendo várias promoções voltadas para esse público.

    Marcília Gonçalves – PP/Noite

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  11. Parte que me chamou atenção no texto foi que "Serviços educacionais, produtos de higiene e beleza e itens de informática são interesses que se destacam por serem vistos como um meio para aumentar o orçamento familiar." Ou seja, a classe D ja tem atraído os olhares para o consumo, mas, mais do que isto, deseja aumentar sua renda para poder consumir mais e mais. Um ponto interessante que nos faz pensar o quanto a classe D é uma classe emergente. Anos atras a maioria da população brasileira encontrava-se nessa classe socio-economica. A vontade da classe D é virar classe C e para demonstrar isto, o consumo de bens ja nao mais exclusivos de classes superiores torna-se inevitável, transformando nao somente a classe D numa classe emergente, mais também em um consumista emergente.

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  12. A reportagem é ótima, para nos fazer rever um pouco nossas referências sobre a classe D. Apesar disso, o fenômeno é tão recente e a miséria de milhões no Brasil tão antiga, que ainda nos demos conta de que realmente o perfil da distribuição de renda no nosso país está mudando. É realmente impressionante a perspectiva de consumo traçado pela matéria. Quem imaginaria que 19% dos alunos de escolas particulares fossem da classe D?
    Apesar de o nosso episódio "Leandro José Ferreira" não ter focado esta questão da "ascensão" da classe D enquanto consumidora, no processo de gravação, nós nos surpreendemos com recursos que nós não imaginávamos existir, como por exemplo, a presença de elevador para pessoas com necessidades especiais em uma das escolas que gravamos.
    Este aspecto de mudança da classe D pode servir, com certeza, como tema para uma próxima série, quem sabe?

    Marta Gusmão

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  13. Esse exemplo de consumo por classe é muito interessante. A dita classe D encontra-se em retração no Brasil. Advento do desenvolvimento econômico elevando o poder de compra da Classe D. Ganhando um papel importante no mercado Brasileiro em expansão. Acho ótimo que o poder aquisitivo da classe D suba e todos possam ter acesso a mais e melhores bens de consumo. Mais o que mais me chamou atenção foi a retrato social de consumo mostrado. Tenho minhas duvidas isso é o retrato da macro economia?

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